Roger Schmidt muda o esquema tático e define um Benfica repleto de novidades para o Clássico
Treinador alemão ficou conhecido por apresentar quase sempre o mesmo onze na época em que levou o Benfica de regresso ao título de campeão nacional. Na visita ao Portimonense, optou por fazer várias mexidas na equipa inicial, talvez tendo em vista o Clássico desta sexta-feira na Luz.
Roger Schmidt e poupança não costumam andar de mãos dadas, pelo menos desde que o treinador alemão rumou ao Benfica na época passada. Acusado muitas vezes de ser adepto do conservadorismo, apostando quase sempre na mesma equipa inicial, e de remeter as mexidas no onze para a reta final dos encontros, o germânico teve de ignorar as próprias crenças no duelo do último domingo contra o Portimonense.
Talvez tendo em vista o calendário apertado que se avizinha nas próximas semanas, e que inclui já esta sexta-feira o Clássico com o FC Porto e o duelo para a Liga dos Campeões em casa do Inter, Roger Schmidt fintou a filosofia com que tem presenteado os adeptos encarnados e revolucionou o onze inicial das águias para o jogo em Portimão.
Sem Di María, que se lesionou sem gravidade no jogo frente ao Salzburgo, Schmidt fez descansar alguns jogadores nucleares, como os casos de António Silva e João Neves. Ao intervalo, o germânico voltou a surpreender e decidiu fazer alterações significativas. Este pragmatismo que pouco tem acontecido levou a que nomes como os de Jurasék e Neves só fizessem 45 minutos em Portimão. Já Kokçu, Musa e Bah, que devem ter lugar no onze para o Clássico, saíram ao intervalo.
E até mesmo este duelo a sul do país marca uma mudança em relação ao que tem sido prática nesta temporada. Até a este encontro da 6.ª jornada da I Liga, Schmidt só tinha promovido mexidas forçadas no onze inicial.
Jurasék vinha sendo titular até que se lesionou e deu lugar a Aursnes. Já Musa foi expulso no Bessa, cedeu a titularidade a Arthur Cabral na ronda seguinte e regressou ao onze depois de cumprido o castigo.
Portimão foi antagonismo em relação à sua filosofia
Schmidt tem-nos habituado a ser leal aos seus princípios desde que chegou ao Benfica. Além de pouco mudar de estratégia durante os jogos, seja qual for a prova, o germânico é também dos que menos mexe e, por outro, um dos que mais mexe em hora ‘indevida’.
A maioria das alterações que o alemão faz ao seu onze inicial acontecem sempre depois da hora de jogo, tal como já era apanágio em 2022/23. Este ano, esta teoria só foi contrariada na Supertaça frente ao FC Porto – Ristic e João Mário saíram ao intervalo – no Bessa, quando Di María saiu aos 53 minutos, após a expulsão de Musa, e na receção ao Estrela – João Neves foi retirado em tempo de intervalo. A estes junta-se também a saída forçada de João Mário contra o Salzburgo por conta da expulsão com vermelho direto de António Silva.
Schmidt queria ideias frescas no Algarve
Após a vitória em Portimão, Roger Schmidt foi confrontado com este facto de ter dado a volta ao que parecia ser o seu próprio hábito. Caustico, o alemão disse que todos os seus jogadores têm de estar preparados para jogar em qualquer altura.
“Depende sempre tudo dos jogos, mudo quando tenho de mudar. Já o fiz algumas vezes, não é nada de especial. Precisávamos de nova energia, tivemos um jogo muito difícil na quarta-feira [contra o Salzburgo] em 10 contra 11. Alguns jogadores estavam a ficar cansados e foi por isso que usámos outros jogadores. Têm de estar sempre prontos, mas cada jogo é único, não há um padrão para todos os jogos”, frisou o técnico germânico.
Ainda assim, e apesar destas mudanças inéditas, Roger Schmidt deverá retomar as duas ideias no Clássico contra o FC Porto. Nomes como Di María, António Silva e João Neves devem regressar às opções iniciais do germânico já na sexta-feira.